Lágrimas, lembranças e saudades

 

Assim que acordei, ainda deitada na cama, eu quis muito, muito conversar com alguém e lembrei que a Terapeuta está de férias. Então, eu fui ver se tinha alguma alma caridosa online e encontrei a Srta. T. Ela é do tipo fantástica e faz séculos que eu não a vejo porque quando ela morava em Uberlândia, eu morava em Brasília, e agora eu moro no Rio, enquanto ela mora em Brasília. A vida e suas voltas. No fim das contas, ela disse: “Se dê um tempo”. E eu sabia que era exatamente isso que ela dizer porque é bem o estilo dela. Então eu lembrei das tardes e noites que nós passávamos juntas e como ela me adotou como irmã, acompanhou o meu primeiro amor, e eu acompanhei um dos grandes amores da vida dela, até ela desistir e se apaixonar por outro.

E eu chorei, e parei, fui almoçar, e logo estava na hora do Enem.

Mas quando me vi sozinha, dentro do ônibus, senti muita falta das histórias maravilhosas da Musa, da calma da Baiana, e do pé no chão da Loura.

E de repente veio a mesma dor que eu senti quando a Musa deixou de ser minha, e passou a ser do mundo, e depois do Sr. Andrade e lembrei da inveja louca que eu sentia por ela ser tão desinibida e segura de si. Hoje eu só sinto admiração e tenho um respeito enorme. Eu sorri e chorei de novo, e saltei no ponto de ônibus, tinha uma prova pra fazer.

Recorri à calma da baiana, que de lesa não tem nada. Das quatro a mais sabida, porque só observava. Ela era diferente, porque era bonita de alma, e depois ficou toda toda, toda toda. É, o mundo gira, e hoje ela também não é mais minha, é do mundo e do Sr. Pimentel. E o orgulho só aumenta, porque passar pelo que ela passou, não é mole. Bicha arretada que só ela.

Continuei andando e finalmente cheguei no local da prova, e fui entregar o atestado da terceira orelha (história pra outro dia), e lembrei que dá última vez que vi a minha Loura, que agora não é de ninguém, é todo mundo e todo mundo é dela também, me aceitou com todas as orelhas que eu precisava ter, então eu parei de chorar e fui encarar o Enem, do jeito que dava.

Acabou, e eu tava tão cansada, e com o coração tão pesado...

Dei as notícias que tinha que dar, pras pessoas que estavam preocupadas comigo e continuei andando, ainda tinha que voltar pra casa.

Ao passar pelo arpoador, lembrei de outro dia horroroso, que de repente, ficou bom, e virou presente.

We found love in a hopeless place

Foram os quinze, melhores minutos roubados que eu tive desde que me mudei pro Rio.

Aquele dia deveria ter sido especial, tocante, e cheio de fé, mas não foi. Dentro da minha fé, me sinto perdida, e sem lugar, ainda (foi ai que me lembrei de você Srta J., quase Sra Calmet, e senti saudades).

Mas Deus dá presentes pra gente, mesmo que agente não mereça, e aqueles tempo, dentro daquele carro escuro, junto com um homem que não lembra mais meu nome, foram especiais, porque eu me senti à vontade.

Eu não me sinto assim com seres do sexo oposto, mas com ele eu me senti, e acabou, e eu fiquei com saudade. Eu acho que quando eu deixar de ser do mundo e for de alguém, vai ter que ser assim.

E eu cheguei em casa, e fui matar o que sobrou desse sentimento escrevendo essa declaração de amor a todos os meus amores que estão longe de mim. E a todos aqueles que nunca souberam que foram meus amores.

Boa semana,

Anna Cristina

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